Na semana passada (2° Domingo da Quaresma), a Transfiguração de Jesus revelou sua glória divina diante Pedro, João e Tiago.
No 3° Domingo da Quaresma, Jesus diz “Se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”.
Observação: neste domingo, à escolha, podem ser lidos os textos do ano A (3º Domingo da Quaresma 2023).

O que vamos aprender nessa semana?
No Evangelho, Jesus avisa sobre a necessidade de conversão, contando a parábola da figueira. Na Primeira Leitura, do Êxodo, Deus se revela a Moisés na sarça ardente e promete libertar os israelitas do Egito.
Na Segunda Leitura, Paulo lembra as falhas dos antepassados no Êxodo, advertindo-nos contra a complacência e lembrando da importância da fidelidade a Deus.
Neste domingo, refletimos sobre a necessidade de uma conversão autêntica. Como respondemos à misericórdia de Deus? Com complacência, ou dando frutos de conversão em nossas vidas?
Leituras
Primeira Leitura (Ex 3,1-8a.13-15) - Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Levou um dia, o rebanho deserto adentro e chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo, do meio de uma sarça. Moisés notou que a sarça estava em chamas, mas não se consumia, e disse consigo: “Vou aproximar-me desta visão extraordinária, para ver porque a sarça não se consome”. O Senhor viu que Moisés se aproximava para observar e chamou-o do meio da sarça, dizendo: “Moisés! Moisés!” Ele respondeu: “Aqui estou”. E Deus disse: “Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa”. E acrescentou: “Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar para Deus. E o Senhor lhe disse: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel”. Moisés disse a Deus: “Sim, eu irei aos filhos de Israel e lhes direi: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’”. Mas, se eles perguntarem: ‘Qual é o seu nome?’ o que lhes devo responder?” Deus disse a Moisés: “Eu Sou aquele que sou”. E acrescentou: “Assim responderás aos filhos de Israel: ‘Eu sou’ enviou-me a vós”. E Deus disse ainda a Moisés: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, enviou-me a vós’. Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração”.
Salmo Responsorial - Sl 102(103), 1-2.3-4.8.11 (R. 8a) - Louvor da Bondade Divina
O Salmo 102(103) louva a misericórdia e a compaixão de Deus, ecoando o tema da misericórdia divina presente nas leituras deste domingo.
Refrão (8a): O Senhor é bondoso e compassivo
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! R.
Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; a sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. R.
O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Quanto os céus por sobre a terra se elevam tanto é grande o seu amor aos que o temem. R.
Segunda Leitura (1Cor 10,1-6.10-12) - Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos comeram do mesmo alimento espiritual, e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava - e esse rochedo era Cristo -. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
Evangelho (Lc 13,1-9)
Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”.
Palavras do Papa
Estamos no coração do caminho quaresmal e hoje o Evangelho apresenta inicialmente Jesus que comenta alguns acontecimentos. (...) E há uma questão que parece acompanhar estes trágicos relatórios: quem é o culpado destes terríveis acontecimentos? (...) São interrogações sempre atuais. (...) Devemos estar atentos: quando o mal nos oprime, corremos o risco de perder a lucidez e, a fim de encontrar uma resposta fácil para o que não podemos explicar, acabamos por dar a culpa a Deus. (...) Na realidade, Jesus recusa e desafia fortemente a ideia de imputar os nossos males a Deus: as pessoas assassinadas por Pilatos e aquelas que morreram debaixo da torre não eram mais culpadas do que outras. (...) O mal nunca pode vir de Deus porque ele «não nos trata segundo os nossos pecados», (...) mas segundo a sua misericórdia. (...) Mas em vez de dar a culpa a Deus, diz Jesus, devemos olhar dentro de nós próprios: (...) Nesta altura, o Senhor oferece a verdadeira solução. Qual é? A conversão: «Se não vos converterdes», diz, «todos perecereis do mesmo modo». (...)
Contudo, Jesus sabe que a conversão não é fácil e quer nos ajudar nisto. (...) Ele oferece-nos a imagem consoladora de uma figueira que não dá frutos no momento estabelecido, mas que não é cortada: é-lhe dado mais tempo, outra possibilidade. (...) Isto é o que o Senhor faz conosco: não nos corta do seu amor. (...) Deus é Pai e olha para ti como um pai. (...) Porque Deus está perto de nós. (...) O estilo de Deus, não nos esqueçamos, é a proximidade. (...) E é assim que Deus nos acompanha: próximo, misericordioso e terno. Portanto, peçamos à Virgem Maria que nos dê esperança e coragem, e que acenda em nós o desejo da conversão. (Angelus, 20 de março de 2022)